MPE vê desvio superior a R$ 500 milhões na Assembleia de MT
O promotor de Justiça Samuel Frungilo avaliou que os processos criminais do ex-deputado estadual José Riva (sem partido) revelam o uso da estrutura da Assembleia Legislativa para atender projetos políticos pessoais e de seu interesse. A declaração foi dada no último dia 26 de fevereiro, após depoimento da ex-servidora Marisol Castro Sodré, delatora da “Operação Metástase – Célula Mãe”.
“Se somar o valor que é apontado como desvio nas ações penais que são desdobramentos das operações Arca de Noé, Imperador, Ventríloquo, Metástase e Célula Mãe, o valor ultrapassa meio bilhão de reais. Houve ali uma compra de voto constante”, disse.
Frungilo ainda ressaltou que se percebe nos autos do processo uma verdadeira mistura de interesses no exercício do mandato de parlamentar. “O ex-deputado José Riva sempre confundiu interesse público com interesse privado. Esses auxílios foram dados em troca de votos. É lamentável que tantas ilicitudes tenham ocorrido”, declarou.
O promotor de Justiça Marcos Bulhões, que também compõe o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), avaliou que o depoimento do deputado estadual Mauro Savi (PR) no processo da “Operação Metástase” revela o uso da estrutura do Legislativo para fins políticos. “O próprio Mauro Savi disse que ninguém quer sair da Assembleia Legislativa de mãos vazias. A pessoa que busca ajuda quer ter seu problema solucionado, não importa a origem, daí assistimos a esses indícios de irregularidades”, colocou.
Por conta da suspeita de desvio de dinheiro por meio de fraudes na verba de suprimentos que gerou desvio de até R$ 1,8 milhão dos cofres públicos, o ex-deputado José Riva está preso preventivamente no CCC (Centro de Custódia de Cuiabá) desde o mês de outubro de 2015. Também são réus na mesma ação penal 23 pessoas, das quais estão funcionários e ex-funcionários do Legislativo e três advogados que são Alexandre Ferreira Nery, Frank Antônio da Silva e Samuel Franco Dalia Neto.
O dinheiro público desviado por meio das fraudes servia para atender a outras finalidades como pagamento de mensalinho a vereadores do interior, compra de bebida alcoólica, financiamento de festas de formatura e gastos financeiros com Casa de Apoio para auxiliar moradores do interior dependentes do sistema de saúde pública.
O ex-deputado José Riva teria usado parte do dinheiro para abastecer combustível em sua aeronave particular, pagar honorários advocatícios e até despesas de jantares e massagistas. (Redação/Folhamax)