Defesa alega transtorno psicótico e PM de Aragarças que matou filho de PF é solto

Do G1 MT

Depois de quatro meses preso por suspeita de ter matado um estudante de medicina, o policial militar Paulo César Guirra, de 37 anos, deve ser solto na tarde desta quinta-feira (9) do Presídio de Santo Antônio do Leverger, a 35 km de Cuiabá. O estudante Maurício Rodrigues Pinheiro, de 23 anos, foi assassinado a tiros dentro de uma boate em Barra do Garças, no dia 30 de janeiro. Maurício era filho de um agente da Polícia Federal.
Paulo César Guirra atuava na cidade de Aragarças (GO) e negou à Polícia Civil ter matado Maurício.

Um dos advogados do policial, Raphael Arantes, explica que a Terceira Câmara Criminal de Barra do Garças concedeu nesta quarta-feira (8) o habeas corpus a Guirra, que estava preso desde o dia do assassinato. A decisão estabelece que o policial seja colocado em liberdade, porém, em regime domiciliar.

Além disso, a Justiça determinou que Guirra volte para a unidade prisional em um prazo de 48 horas para que seja colocado uma tornozeleira eletrônica. O policial só poderá sair de casa através de autorização judicial.

O advogado alegou à Justiça que Guirra estava sofrendo transtornos psicóticos no presídio e necessitaria de tratamento e acompanhamento médico mais próximo da família. A condição de saúde foi confirmada através de laudos médicos de um médico perito especialista em psiquiatria.

“Paulo foi indicado como possível autor do crime e foi linchado dentro da boate. Ele sofreu lesões graves, inclusive uma garrafada que abriu a cabeça dele. Ele foi colocado na viatura e levado para o presídio militar. Nesse local a situação ele apresentou problemas psiquiátricos. O médico diagnosticou que ele estava sofrendo surtos psicóticos”, afirmou o advogado ao G1.

Ainda conforme a avaliação do médico, relatada pelo advogado de defesa, os surtos constantes sofridos pelo policial poderiam colocá-lo em risco, além de ser perigoso para os outros detentos do presídio. Atualmente o policial toma seis medicamentos controlados. A avaliação médica orientou que ele fosse colocado mais próximo da família e que os medicamentos fossem administrados com mais rigor.

“Ele oferece risco a si próprio e a terceiros, sem ter a consciência plena. Com base nisso pedimos o HC. Sabemos que no histórico dele, como policial militar, já havia alguns atendimentos psiquiátricos e psicológicos apontando [quadro de] depressão”, disse o advogado.

Sobre o dia da morte de Maurício, o policial nega ter matado o estudante. O advogado disse que vai recorrer sobre a determinação da tornozeleira eletrônica em Guirra.

Morte do estudante

Segundo a família de Maurício, o jovem foi para a boate para encontrar com amigos de infância, após a formatura de faculdade de um deles. O estudante cursava medicina em Maringá, no Paraná, e passava uma temporada com a família em Mato Grosso.

As testemunhas disseram que o policial militar se aproximou de Maurício, o abraçou por trás, sacou uma arma e atirou. O pai do estudante afirmou que Maurício foi baleado meia hora após chegar à boate. Paulo Guirra teria sido agredido ao ser imobilizado por policiais militares que estavam à paisana na boate e também foi encaminhado para um hospital, junto com Maurício.

Além de ser investigado em Mato Grosso, a Polícia Militar de Goiás abriu, na época do crime, um procedimento disciplinar para apurar a conduta e os fatos que envolveram Guirra no assassinato do estudante de medicina.