Jornalista e ator que ‘largaram tudo’ para viver em Kombi passam por Chapada dos Guimarães

Olhar Conceito

Quem passou por Chapada dos Guimarães no último final de semana se deparou com algo ‘fora do comum’. Uma Kombi toda grafitada e com uma barraca em cima do teto estava estacionada na cidade há quinze dias. Quem se atrevesse a ultrapassar a barreira da timidez e ver mais a fundo poderia conhecer Daphine Augustini e Marcelo da Luz Simões. Os dois moram na Kombi, que se chama Sacica, e rodam o país há mais de um ano.

Daphine é jornalista por formação, e Marcelo estudava artes cênicas na Universidade Federal do Paraná quando os dois decidiram ‘largar tudo’ e cair no mundo. Usando a arte circense e o artesanato para se sustentar, muito desapego e vontade de conhecer o Brasil, o casal fez o ‘caminho inverso’ do que sua família queria para eles, esqueceram a ideia de carreira promissora, especializações e estabilidade para seguir seu sonho. “Sempre almejamos poder conhecer nossas raízes, ou seja, nosso país e também a América do Sul. (…) Então, dentro disso, agarramos nosso sonho e corremos atrás para concretizá-lo com muita organização, planejamento e trabalho, pois mantemos totalmente as nossas despesas por meio da arte”, contam.

Com a decisão tomada, os dois escolheram a Kombi, por ser um veículo caricato, utilitário, com amplo espaço interno e fácil manutenção, para ser a casa deles. O projeto foi feito artesanalmente, e aos poucos o veículo se transformou no que é hoje, com banco retrátil que vira cama (chamado de rock’n’roll bed), fogão, armários, reservatório de água com torneira, bagageiro e o pop up no teto, que vira uma barraca. Para chegar ao resultado, foi necessário cerca de um ano de trabalho e o apoio de Victor Hugo, Engenheiro Mecânico Industrial e irmão de Daphine. Para refazer a ‘lataria’, a ajuda foi de um casal de grafiteiros do Paraná. “Uma Kombi de palhaços tem que ser colorida”, brinca Daphine.

Como a ideia era viver na Sacica, os dois saíram sem data pra voltar. O primeiro destino foi Ribeirão Preto, interior de São Paulo, mas eles já perderam as contas de por quantas cidades passaram. Apesar de terem visitado os mais diferentes lugares no país, uma das experiências mais incríveis foi na Chapada Diamantina, na Bahia.

“Lá, para percorrer todo o Vale [do Pátio], você faz de cinco a sete dias de trilhas, andando no total mais de 100km. Sim, tudo andando com mochila pesada nas costas e um sol de rachar na cabeça. Não tem espaço para desistir… Você fica no meio do mato mesmo, não tem luz, água filtrada, e nem tecnologia. As coisas chegam de mula, que vão até a cidadezinha e voltam trazendo os suprimentos”, relembram. As dificuldades foram superadas e o que deu ‘gás’ foi o que se alcançou: durante o passeio, passaram por vales, montanhas, morros em forma de castelo e diversas outras paisagens.

O estilo de vida que já dura mais de um ano não segue uma rotina. Daphine conta que os roteiros são feitos e refeitos todos os dias. O dinheiro, os dois ganham com apresentações na cidade e a venda de artesanatos, o que normalmente dá cerca de R$800 por mês. “Vivemos com pouco, economizamos ao máximo. Muitas vezes quando você fala de viagem, as pessoas imaginem restaurantes caros, hotéis, passeios pagos. Nós não usamos nada disso. Como dormimos na Kombi, gastamos apenas com gasolina, alimentação (cozinhamos quase todo dia) e uma coisinha ou outra na manutenção do veículo (isso é o que mais gasta quando é necessário)”, explicam.

Na hora do banho, por exemplo, vale acreditar na boa fé das pessoas (o que Daphine e Marcelo garantem que existe de sobra). “Às vezes vamos nos postos de gasolina da estrada, ou quando estamos parados, pedimos para banhar em hotéis e campings. Outras vezes,pessoas nos acolhem em suas casas. Essas vezes são as mais gostosas”. A comida é feita na cozinha da Kombi ou, quando estão acampando, em fogueiras.

E é assim, com uma surpresa a cada dia e uma descoberta a cada segundo, que a ‘mini trupe’ continua seu caminho. Em Mato Grosso, conheceram o Pantanal, a Chapada e a Transpantaneira. “Conhecemos o Parque Nacional e suas cachoeiras, destaque para a linda véu da noiva, diversas cachoeiras como a do oioi, chapada Aventura, Geladeira, segredo e outras. Também o Mirante do Centro Geodésico, que é considerado o coração da América do Sul”. Daqui, partiram rumo à próxima aventura. Qual será ela, somente o tempo vai revelar. Se você quiser descobrir, basta seguir a FAN PAGE da Kombi Sacica.