Índios do Xingu ocupam Dsei e pedem troca de coordenador
Agência da Notícia
Cerca de 100 índios de diversas etnias que vivem no Parque Nacional do Xingu ocupam, desde segunda-feira (5), o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) de Canarana. Os índios alegam que as demandas feitas ao atual coordenador do Distrito, Otercindo Francisco da Silva, não estariam sendo atendidas e reivindicam, dentre outras coisas, a substituição dele no cargo. O G1 não conseguiu localizar o coordenador do Dsei de Canarana. Por meio de nota, o Ministério da Saúde informou que as demandas dos indígenas estão sob análise da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
Otercindo foi indicado ao cargo pelo deputado federal Valtenir Pereira (PROS). Por causa disso, os índios exigem a presença do parlamentar no local, assim como do secretário especial de Saúde Indígena (Sesai), Rodrigo Rodrigues, para dar andamento às negociações. Ao G1, o deputado federal defendeu a indicação de Otercindo para o cargo e afirmou que está dialogando com a Secretaria Nacional de Saúde para que as reivindicações dos indígenas sejam atendidas.
A ocupação do Dsei de Canarana estaria sendo liderada, no momento, pela etnia Kayabi. A ocupação é pacífica e feita no horário de expediente, das 8h às 18h. Durante esse período, os cerca de 30 funcionários da unidade permanecem sentados no local, sem permissão para trabalhar, sob a vigilância dos índios, que liberam os servidores para retornarem para suas residências no final do dia.
Reivindicações em Brasília
Segundo o deputado Valtenir Pereira, entre as demandas que foram feitas pelos indígenas e que não foram atendidas estão a construção de duas casas de Saúde Indígena (Casai) em Querência e em Gaúcha do Norte, municípios a 912 e 595 km de Cuiabá, respectivamente, bem como a abertura da Casai em Sinop, a 503 km da c.
“Em Querência, a Casai é feita de zinco, ou seja, é muito quente para a região. A outra é uma casa alugada e improvisada como Casai, não tem a infraestrutura adequada. Já em Sinop, a Casai está pronta e só falta ligar a energia elétrica do local, que fica um pouco afastado do centro da cidade”, disse.
Valternir alega que as demandas feitas pelos índios do Parque do Xingu foram encaminhadas pelo coordenador do Dsei ao Ministério da Saúde. Porém, as demandas ainda estariam tramitando na pasta e nada foi resolvido até agora por causa do momento político no país.
“Com essa questão do impeachment, mudanças de governo e de ministro, houve demora no atendimento de algumas reivindicações e, como as demandas não foram atendidas, eles fizeram isso. Mas tratam-se de questões administrativas que cabem à Secretaria de Saúde Indígena atender. A gente apenas opina, sugere, mas não tem poder de decisão”, afirmou.
Diálogo
O Ministério da Saúde informou, por meio de nota, que as demandas dos indígenas, tanto em relação a construção de novas Casai e exoneração de colaboradores do Dsei de Canarana estão sob análise da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.
“O diálogo com as lideranças indígenas se mantém constante, por meio da SESAI, para que as reivindicações sejam acordadas e atendidas”, diz trecho da nota.
