Filho fala sobre prisão da mãe, condenada por matar executivo da Friboi: ”Alívio”

Época

Era início da tarde desta quinta-feira (6) quando Carlos Eduardo Magalhães atualizou a foto do seu perfil no Facebook. Na imagem, o pai e ele, aos 3 anos, em um momento de descontração em Barra do Garças (MT). A ideia de alterar a foto do perfil veio pouco tempo depois de Carlos Eduardo receber a notícia de que a mulher condenada pela morte de seu pai, Humberto de Campos Magalhães, voltou para a cadeia: “Parece que meu pai vai me abraçar nesta foto. Quando olho, lembro da proteção dele. E em momentos como este, quando toda a história volta à tona, ela me faz bem”.

Carlos Eduardo, hoje com 25 anos, soube pela tia paterna que Giselma Magalhães foi presa na cidade de Pontal do Araguaia, em Mato Grosso, três anos após ser condenada a 22 anos e seis meses de prisão pela morte do ex-marido.

O crime aconteceu em 4 de dezembro de 2008, depois que a vítima foi atraída para uma emboscada. De acordo com o processo, Giselma, de 52 anos, mandou matar o alto executivo da antiga Friboi, hoje JBS, e tentou incriminar o próprio filho, na época com 17 anos.

Carlos Eduardo parou de chamá-la de mãe e nunca deixou de batalhar por justiça. Há quatro anos, não troca uma palava com ela nem com o irmão mais velho, que ficou ao lado de Giselma desde a morte do executivo. “Minha sensação é de alívio. Não posso dizer que é uma vitória, porque minha família foi destruída. Lutei muito por isso, nunca me conformei que a Giselma mandou matar meu pai e continuava por aí, solta, mas a ficha ainda precisa cair.”

Giselma foi presa em casa, onde mora com o outro filho, em Pontal do Araguaia, depois de dois dias de vigilância policial. A empresária ficou detida por um ano e foi condenada em 2013, mas saiu do Fórum da Barra Funda, em São Paulo, pela porta da frente protegida por um habeas corpus que permitia que ela aguardasse o fim do processo em liberdade. Após o esgotamento de todos os recursos, ela voltou para a prisão nesta quinta-feira.

Carlos Eduardo não quis ver o vídeo do momento em que Giselma é algemada por policiais, nem abriu a internet para conferir o noticiário. Hoje, mais estruturado, trabalhando em São Paulo e rodeado pelo apoio da família paterna e pelos amigos, a quem “agradece muito”, ele precisa pensar no que vai acontecer daqui para a frente: se vai se reaproximar do único irmão, se vai visitar Giselma na cadeia. “Talvez seja uma necessidade, não uma vontade”, diz ele, referindo-se a trâmites burocráticos da família.

O crime
Humberto foi baleado na Rua Alfenas, na Zona Oeste de São Paulo, depois de receber uma ligação em que o interlocutor afirmava que o filho caçula da vítima estava passando mal. Humberto levou dois tiros de um motociclista ao chegar ao local. Além de Giselma, o irmão dela, Kairon Vaufer Alves, e outras duas pessoas foram condenadas pelo crime.

A empresária foi levada para a Delegacia de Barra do Garças, município próximo de Pontal do Araguaia, nesta quinta-feira (6). De acordo com a Polícia Civil, ela deve ser encaminhada para o presídio feminino de Nova Xavantina, onde fica até ser transferida para São Paulo, estado onde responde pelo crime.