Portal Terra publica de barra-garcense sobre os 20 anos da morte de Renato Russo
Portal Terra
Dia 11 de Outubro completou vinte anos da morte do cantor e compositor Renato Russo que marcou toda uma geração. Várias homenagens foram feitas no Brasil. O portal Terra na coluna AreaH, cuja seção os leitores têm oportunidade de comentar determinado assunto, abriu espaço para os fãs lembrarem do cantor.
E um comentário de Barra do Garças foi postado pelo editor da TV Centro Oeste (SBT), Aislândio Miranda, um admirador do cantor que fez sucesso na Banda Legião Urbana e depois em carreira solo.
Acompanhe o artigo do Lândio porque recordar também é viver:
Aislândio Miranda
Especial para o AreaH
Em 11 de outubro de 1996, perdíamos o maior poeta que o rock brasileiro produziu: Renato Manfredini Júnior ou, simplesmente, Renato Russo. Uma data que muitos da minha geração não gostariam de estar lembrando.
Acho que muitos nesse momento irão questionar e dirão que tivemos outros como Cazuza, Tim Maia, Raul Seixas – e não discordo -, mas acho que nenhum deles teve a expressão musical que o Renato criou em sua época, com letras fortes, questionadoras e que após vinte anos da sua morte parecem ser tão atuais.
Quem ouve, por exemplo, que “País é Esse” ou “Geração Coca-Cola” pela primeira vez acha que foram escritas na semana passada, de tão atuais que são, correto?
Mas aí me veio uma dúvida: será que o Renato era um Messias que conseguia ver o futuro, ou o Brasil – que se acha tão desenvolvido – ficou parado no tempo com a mesma podridão na política, na educação, na saúde…? Afinal, que país é esse?
Mas vamos falar das obras do Manfredini…
Quem nunca se emocionou ao ouvir “Pais e Filhos”, se colocou no meio daquele conflito e se identificou com um dos personagens? Quantos filhos e pais não se reconciliaram depois de ouvi-la?
Quem nunca se imaginou em um romance igual ao do Eduardo e Mônica?
Quem nunca esteve em uma roda de amigos tocando violão, ou naquela “festa estranha com gente esquisita”, ou preferiu de tarde ir à praia e ver se o vento estaria forte?
Quem nunca se identificou com “Química” por preferir “educação sexual” a matemática, química e física?
Quem nunca se imaginou em umas das letras do Renato?
Quem nunca?
São tantas canções que tocam nossa alma e transbordam nosso coração de alegrias e boas lembranças que até nos emocionam, afinal, tenho certeza de que algumas das músicas dele já fizeram parte de algum momento especial da sua vida.
E mais, tenho certeza que você está nesse momento se lembrando ou cantarolando alguma enquanto lê.
Renato tinha uma forma especial de escrever que permite o ouvinte se transportar para a história de cada uma de suas músicas e imaginá-las em nossas vidas. Ele conseguia transformar o cotidiano em belas canções, transformar as coisas simples ao seu redor em memoráveis.
Nossa, como eu gostaria de ser amigo desse cara e fazer parte das músicas dele…
Por esses motivos acho a obra do Renato incomparável. Por ela se manter tão atual ao longo dos anos, de sobreviver ao mar de lixo fonográfico jogado todos os dias através das ondas do rádio e da TV, do lixo virtual que circula na rede.
Somos sobreviventes e carentes de coisas boas e Renato, tão brasileiro, alivia essa dor. Afinal, para um país que não valoriza seus verdadeiros artistas e se contenta com tão pouco, a obra de Russo está aí para confirmar que existem coisas audíveis.
Mesmo com tanto enlatados jogados pela mídia garganta abaixo, há quem resista e aprecie boa música. A “modinha” passa, mas a obra sobrevive ao tempo e é passado de geração a geração.
De pais para filhos.
(*) Aislandio Miranda tem 37 anos e é formado em Marketing. Atualmente trabalha como editor de vídeos.