Metade das estradas de MT é péssima

Diário de Cuiabá

Quase a metade das rodovias em Mato Grosso está em más condições devido a problemas gerais de pavimentação, sinalização e de geometria das estradas. Dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgados ontem mostram que, no geral, de um total de 4.731 quilômetros de vias federais e estaduais, 2.929 quilômetros encontram-se regulares (46,3%), ruins (12%) e péssimos (3,6%). Do restante, (1.802 quilômetros), 38,1% são considerados bons (25%) e ótimos (13,1%). O Estado tem 8.486 km de rodovias pavimentadas.

No Estado, entre os problemas existentes, a pesquisa mostra que 2.653 quilômetros (56,1%) do trecho analisado têm a superfície do pavimento desgastada contra 1.455 quilômetros considerados perfeitos (30,8%). Outros 10,7% apresentam trincas em malha ou remendos, 2,2% afundamentos, ondulações ou buracos e 0,2% destruídos.

Em sua 20ª edição, a pesquisa inclui rodovias federais e estaduais, e as geridas pelo poder público ou vias em concessões. Levando-se em consideração apenas as estradas federais (3.931 Km), o percentual classificado entre regular, ruim e péssimo cai para 57%. Porém, quando se trata apenas das pistas estaduais (800 Km), esse índice sobe para 86,2%.

Sob a concessão da Rota do Estado, as BR-s 163 e 364 estão entre as rodovias classificadas como regulares em se tratando de seu estado geral, assim como as BRs 158, 174 e 251. Já as BRs 070 e 242 são consideradas boas.
Entre as estaduais, a MT-130 desponta com a classificação ótima em seu estado geral. Contudo, a 246 e 483 aparecem como péssimas e, outras como, as MTs 255 e 320, são apontadas como ruins.

Em nível nacional, dos 103.259 km analisados, 58,2% apresentam algum tipo de problema no estado geral. De 2015 para 2016, houve aumento de 26,6% no número de pontos críticos (trechos com buracos grandes, quedas de barreiras, pontes caídas e erosões), passando de 327 para 414. A pesquisa foi feita entre 4 de julho a 2 de agosto.

Para a CNT, a má qualidade das rodovias é reflexo de um histórico de baixos investimentos no setor. “Em 2015, o investimento federal em infraestrutura de transporte em todos os modais foi de apenas 0,19% do PIB (Produto Interno Bruto). O valor investido em rodovias (R$ 5,95 bilhões) foi quase a metade do que o país gastou com acidentes apenas na malha federal (R$ 11,15 bilhões) em 2015. Já em 2016, até setembro, dos R$ 6,55 bilhões autorizados para investimento em infraestrutura rodoviária, R$ 6,34 bilhões foram pagos. “Essa distorção nos gastos públicos tem causado graves prejuízos à sociedade brasileira, desde o desestímulo ao capital produtivo, passando pelas dificuldades de escoamento da produção até a perda de milhares de vidas”, avalia o presidente da CNT, Clésio Andrade por meio da assessoria de imprensa.

A CNT calcula que, para adequar a malha rodoviária brasileira, com obras de duplicação, construção, restauração e solução de pontos críticos, seriam necessários investimentos de R$ 292,54 bilhões.

Neste ano, pela primeira vez, foi avaliado o trajeto entre Cuiabá e Santarém (PA) pela BR-163. De acordo com a 20ª Pesquisa CNT de Rodovias, os 2.110 quilômetros analisados têm classificação regular. Ao todo, foram avaliados 1.108 km no Mato Grosso e 1.002 km no Pará. “A BR-163 é de fundamental importância para o escoamento do agronegócio pelo Arco Norte do país, principalmente para a produção do Centro-Oeste”, aponta a CNT. Segundo a CNT, até o ano passado, cerca de 500 quilômetros dessa rodovia ainda não estavam pavimentados, entre os municípios de Novo Progresso (PA) e Rurópolis (PA).

Em nota, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística disse que as ações da atual gestão resultaram em melhoria do pavimento das estradas de Mato Grosso. Pesquisa da CNT divulgada hoje revela que o estado aumentou o índice de estradas classificadas em estado geral como ótimas, passando 2,1% em 2014, para 9,6% em 2015 e 13,1% em 2016. “O caso que mais chamada atenção, entre as rodovias avaliadas, é o da rodovia MT-130, entre Primavera do Leste e Paranatinga, uma importante estrada utilizada para escoar a produção do agronegócio, mas que estava sem receber a devida manutenção nos anos anteriores”, afirma a secretaria. A rodovia era tida como regular, e agora recebe o selo de ótima da CNT.

“Em menos de 1 ano e 10 meses, o Governo do Estado executou asfalto em 1.200 km de estradas estaduais, entre obras de construção e reconstrução. Bem acima dos 886 km feitos entre 2011 e 2014 na gestão passada”, diz a nota.