Ex-campeão vence obstáculos e revela jovens atletas há 13 anos
O projeto nasceu tímido, mas hoje é uma referência estadual, transformando Barra do Garças na “Capital mato-grossense do Atletismo”.
Criado em 2003 pelo ex-corredor Sivirino Souza Santos, o Barra do Garças Atletismo ou Casa do Atletismo, como é conhecido, enfrentou muitas dificuldades para chegar aonde chegou. Ainda falta muito, como apoio financeiro, mas o que já foi alcançado é visto como uma conquista fora das pistas.
Formado em Educação Física pela UFMT e ex-atleta de corrida entre os anos de 1988 e 2003, Sivirino se inspirou em si próprio para dar início ao projeto. Começou com 10 atletas e, atualmente, conta com 150 inscritos na faixa etária a partir dos seis anos, sendo 60 deles adultos. Os obstáculos foram tantos que, aqueles que vinham de outros municípios, moravam de forma improvisada, ora em quitinetes ou em uma casa alugada que servia de alojamento. Foi ai que surgiu a denominação de “Casa do Atleta”.
“É um projeto que nasceu para dar assistência ao atleta com talento, ou seja, um projeto de inclusão, voltado para meninos e meninas com talento para a prática do atletismo, mas sem condições financeiras ou estrutura familiar para dar sequência nos estudos ou no esporte”, destaca Sivirino.
Casa do Atletismo
Embora ainda enfrente dificuldades com a falta de apoio, o projeto lançado pelo professor Sivirino conseguiu em 2014 o seu maior troféu: a Casa do Atletismo. A edificação foi construída na Vila Olímpica municipal, localizada no bairro Piracema, na região Norte de Barra do Garças.
Com emenda do deputado estadual Baiano Filho (PSDB) e contrapartida da prefeitura, o prédio é alojamento de 24 atletas dos mais diversos municípios, como Araputanga, Peixoto de Azevedo, Diamantino, Nossa Senhora do Livramento, Alto Paraguai, Nova Xavantina e Aragarças (GO).
“Era um sonho que se concretizou. Os atletas que aqui residem contam com cinco refeições diárias e toda estrutura que antes não tínhamos”, diz o professor, lamentando a ausência de um patrocinador fixo para bancar as despesas mensais. “Contamos com pequenas doações, rifas, Unimed, clinicas particulares e, assim, vamos em frente”, revela.
O local é composto, além da casa, de sanitários, pista olímpica oficial com oito raias (iluminada) e um campo para provas de atletismo (lançamentos).
Resultados
Mesmo com toda dificuldade, nesses anos todos, o projeto Casa do Atleta contabiliza saldo positivo nas competições em que participou. Segundo Sivirino, os atletas têm feito bonito por anda passam, com conquistas expressivas no mundo do atletismo.
Desde que começou a participar dos eventos, já foram conquistadas 29 medalhas de ouro em competições sul-americanas e 51 em provas nacionais; seis recordes nacionais em jogos escolares da juventude; duas participações nos jogos olímpicos da juventude em 2010 em Singapura (5º colocado nos mil metros) e jogos olímpicos da juventude em Nanjing, na China (1º colocado nos 800 metros), entre outros.
Revelações
Ao longo desses quase 14 anos de dedicação ao atletismo na formação de atletas, Sivirino tem o que comemorar. Ele já foi convocado 13 vezes para dirigir a Seleção Brasileira de Atletismo em provas internacionais, mas o que mais o deixa feliz são os talentos que conseguiu descobrir nas pistas.
O professor aponta entre os nomes o de Ana Karoline, tetra-campeã sul-americana menor e juvenil; Karine Lopes da Silva, campeã brasileira menor; Lucas Pinho Leite, campeão brasileiro e sul-americano nos jogos escolares da juventude nos mil metros; Evandro Luz Bandeira, medalha de bronze no campeonato brasileiro mirim; Wilker Alves Brito, campeão e recordista dos mil metros do troféu Centro Oeste de Atletismo; Mateus Silva Assis, campeão brasileiro nos jogos universitários e convocado para representar o Brasil nos jogos sul-americanos em Buenos Ayres (Argentina); Maria Silvânia Araújo, 5ª colocada na Corrida de Reis (melhor brasileira na prova), além de nomes como André Ramos, Jonathan Cardoso, Admilson Santana, João Luiz, Elaine Gama, entre outros.
“Esse é fruto de um trabalho diário que nos enche de orgulho. Ver jovens longe da própria família, com garra e vontade de vencer”, ressalta, ao observar várias crianças recebendo instruções de professores na Vila Olímpica no final de uma tarde ensolarada.
Estrutura
A construção da Casa do Atletismo, que pertence ao município, mas foi cedida via comodato por 20 anos ao projeto, não eliminou por completo o problema que Sivirino enfrentava para acomodar os atletas. O prédio foi erguido, porém, existe uma carência estrutural, como móveis e utensílios para melhorar a acomodação dos jovens que moram no local.
“Aos poucos vamos equacionando os problemas, pois, nossa missão é dar oportunidade para que esses talentos saiam de Barra do Garças e Mato Grosso, e possam representar bem o nosso país nas competições que participarem”, espera o professor. (FA/RDNews)