Animais são resgatados feridos e afugentados em matas atingidas pelas queimadas na região

G1 MT

Afugentados e feridos, os animais silvestres estão sofrendo com as queimadas que destroem as florestas, em Mato Grosso. Nas matas que abrangem os municípios de Barra do Garças, Pontal do Araguaia e Aragarças, na região do Araguaia, de meados de junho até agora, pelo menos 30 animais foram resgatados com ferimentos provocados por incêndios. Alguns já são encontrados mortos e outros não sobrevivem.

O resgate é feito por brigadistas voluntários, que fazem parte da Associação Amigos dos Animais (AA Animais), em parceria com o Corpo de Bombeiros de Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá. Nesse período crítico de seca, entre junho e setembro, os voluntários ficam no quartel dos bombeiros. Ao todo, são 12 brigadistas da ONG.

Iguanas, preás, cobras, cotias, tamanduás, tatus, jabutis, estão entre as espécies mais resgatadas. Eles foram salvos em áreas de preservação ambiental, incluindo o Parque Estadual Serra Azul, que possui 11 mil hectares de Cerrado. A maioria dos animais resgatados são de filhotes de tatu.

Taliane Freitas, que há seis anos atua como brigadista voluntária do projeto, disse que alguns animais nunca retornam para o habitat, porque ficam com sequelas graves, como é o caso de aves, que perderam as asas e que estão em um abrigo da entidade, que fica em Barra do Garças.

Um queixada fêmea – tipo de porco-selvagem – que foi resgatado no ano anterior – também não tem mais condições de viver na floresta, porque se acostumou com a presença de humanos, e vive na chácara, em cativeiro.

“Tentamos soltá-la quando era nova, mas ela sempre volta para áreas onde têm pessoas e acaba se arriscando. Não tem condições mais de voltar”, contou.

Recentemente, Taliane e outros brigadistas resgataram um gavião. “O fogo o atingiu, ele fugiu e depois um gato arrancou a asa dele. Ele não iria conseguir mais fugir e, se não tivéssemos o encontrado, talvez tivesse morrido”, citou.

Depois do resgate, os animais feridos são levados para uma clínica veterinária que apoia o projeto. “Infelizmente, muitos animais resgatados não sobrevivem”, lamentou Taliane, que é bombeiro civil e técnico em controle ambiental.

Um dos animais que não resistiu foi um quati. Ele passou três internado e morreu devido às queimaduras.

Um vídeo feito por Taliane mostra as cotias em uma área queimada, sem saber para onde correr. Para ela, as queimadas deste ano estão mais intensas que as anteriores.

Atualmente, o abrigo possui 30 jabutis, dois veados campeiros, um macaco prego, cerca de 12 araras, dois tucanos, três catetos, além do gavião e do queixada. A associação possui mais de 18 anos e há 13 anos atua no combate a incêndios florestais, com a ajuda de doações de empresas privadas e do poder público.