Turistas flagram botos ‘pescando’ às margens do Rio Araguaia
G1 MT
Dois botos foram vistos ‘pescando’ na tarde de domingo (28) às margens do Rio Araguaia, em Barra do Garças (MT). Segundo especialistas, essa cena é comum na região.
Um vídeo gravado por Ana Gabriela Rodrigues Napolitano, 12 anos, mostra quando os botos se aproximam da praia para pegar os peixes que estão em volta.
A adolescente estava passando o final de semana em um rancho, com a família, quando eles se aproximaram. Segundo a mãe da menina, Jackeline Guimarães, essa não é a primeira vez que eles aparecem.
“Dessa vez, ela estava na beira da água e eles chegaram bem perto, assim, minha filha conseguiu filmar”, contou.
Segundo Dilermando Pereira, que é professor de ecologia da Universidade Federal de Mato Grosso, no Campus Araguaia, nesta época do ano, com menor volume de água no rio, em razão da seca, os botos aproveitam a concentração de peixes em alguns poços, para se alimentar.
Ele explica ainda que esse comportamento de chegar perto dos bancos de areia é específica do boto do Araguaia, que é uma espécie diferente do boto da Amazônia.
“Essa é uma espécie genuinamente brasileira, adaptada ao ecossistema do Araguaia e que tem o costume de nada em locais mais rasos e a se aproximar dos bancos de areia”, afirmou.
Ameaça de extinção
Porém, imagens tão bonitas quanto as do vídeo podem acabar, segundo o especialista. Isso porque o boto do Araguaia é uma espécie ameaçada de extinção.
Além do fato de existirem apenas cerca de 1500 exemplares da espécie, o que tem dificultado a reprodução, a instalação de usinas hidrelétricas e a construção das barragens no Rio Araguaia, também tem colocado a existência desses botos em risco.
Predação natural
Diferentemente da predação dessas espécies por fatores econômicos, alheios ao ecossistema, os botos fazem parte de cadeia alimentar de predadores naturais, assim como os peixes são os alimentos deles.
Em outro vídeo enviado pelo professor a UFMT e gravado por moradores da região, é possível ver um boto que foi morto por uma onça. Ele está à margem do rio e, na areia, é possível ver as pegadas que ela deixou.