Dois jornalistas são presos suspeitos de tentar extorquir conselheiro do TCE

Imagens divulgadas na tarde desta quarta-feira (30) mostram a suposta extorsão praticada pelos jornalistas Pedro Ribeiro e Laerte Lannes contra o conselheiro do Tribunal de Contas (TCE-MT), Antônio Joaquim Rodrigues Neto, por meio do advogado dele, José Antônio Rosa. A gravação foi feita durante a manhã, quando eles estavam no escritório de Rosa, emCuiabá, pouco antes dos jornalistas serem presos em flagrante.

O advogado de Ribeiro disse que o flagrante foi forjado, que não houve extorsão e que vai entrar com pedido de liberdade no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). A defesa de Lannes não foi localizada.

Pedro Ribeiro é diretor do jornal Página 12, que divulgou reportagens sobre o conselheiro Antônio Joaquim. Em destaque, o jornal diz que o conselheiro cometeu uma “série de proezas sem nenhum pudor”. O advogado de Antônio Joaquim, José Antônio Rosa, denunciou o caso à polícia.

Conforme a Polícia Civil, cada um dos suspeitos exigiu R$ 25 mil e mais contrato de R$ 5 mil por mês para publicidade nos veículos de comunicação a partir do próximo ano, quando Antônio Joaquim deverá assumir a presidência do TCE-MT. Os dois jornalistas estão presos na Delegacia de Roubos e Furtos (Derf) da capital e foram autuados por extorsão, cuja pena é de 4 a 10 anos de prisão.

O vídeo, que foi gravado por Rosa, mostra os jornalistas negociando valores que estão escritos num pedaço de papel. Um dos jornalistas diz que o valor não é “astronômico” e que os dois profissionais da imprensa querem “ser parceiros”.

Já num áudio gravado de outra conversa com José Antônio Rosa, os jornalistas dizem que foram contratados pelo médico Alonso Alves Filho para divulgação das reportagens. O médico negou que tenha contratado os dois jornalistas e disse que também foi procurado por eles. “Eles foram lá no hospital e falaram que precisavam de dinheiro para continuar essas matérias. Aí eu falei que não”, disse Alonso.

No momento da prisão, um dos jornalistas estava com um envelope na mão com dois cheques no valor de R$ 10 mil que tinham acabado de serem repassados por Rosa. “Constatamos que os dois estavam em flagrante delito do crime de extorsão. Exigiram que a vítima complementasse o valor [de R$ 20 mil] e pediram mais R$ 30 mil”, disse o delegado Marcel Gomes de Oliveira, da Derf.

Os dois jornalistas deverão ficar presos pelo menos até esta quinta-feira (1º), quando vão participar de uma audiência de custódia, na qual a Justiça vai decidir se eles poderão ser soltos.

Disputa por terras
De acordo com a assessoria do TCE, o conselheiro já tinha procurado o Ministério Público (MPE) para denunciar o caso. O Tribunal de Contas diz que os jornalistas agiram em favor de Alonso, que junto com o conselheiro, “trava uma disputa judicial desde que o médico tentou impedir o conselheiro de utilizar uma estrada servidão de passagem que corta a sua propriedade”.

O conselheiro Antônio Joaquim entrou na Justiça contra Alonso Alves Filho para ter direito à passagem pelas terras do médico, em Nossa Senhora do Livramento, a 42 km da capital. (Do G1 MT)