Quase R$ 700 mi já foram desviados por esquemas de corrupção em MT
RDNews
Nos últimos dois anos e meio, as operações deflagradas para desarticular organizações criminosas no Estado já detectaram um desvio de aproximadamente R$ 700 milhões. Desvios viabilizados por meio de esquemas engendrados em várias esferas do Poder Público foram revelados nas mais de 13 operações executadas desde o início de 2015. Dentre as mais conhecidas estão a Ararath, Sodoma, Imperador, Ouro de Tolo e Seven.
As investigações apontam o envolvimento de servidores públicos, empresários, ex-secretários, ex-deputados e até mesmo o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que passou mais de um ano e oito meses preso.
Dos esquemas apurados, o que mais causou dano ao erário foi o trazido à tona por meio da 10ª fase da Ararath, deflagrada em 4 de dezembro de 2015. A ação buscou reaver R$ 313 milhões desviados por meio da secretaria estadual de Fazenda (Sefaz), empreiteiras e uma instituição financeira clandestina. A trama ocorreu durante a gestão Blairo Maggi (PR), mas o ex-governador – hoje ministro – não está entre os investigados.
Em agosto de 2015, a Dríades revelou um esquema de corrupção junto ao Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora) da secretaria estadual de Meio Ambiente (Sema). O montante da fraude foi de R$ 104,2 milhões.
Em outubro, foi a vez da BB Pague, que apurou um desvio de aproximadamente R$ 101,1 milhões da Conta Única do Estado. Mais de 30 pessoas foram presas, além de mais de 40 mandados de busca e apreensão, cumpridos em Cuiabá e interior do Estado, bem como nas cidades de Tubarão (SC) e Soledade (RS).
Ainda em 2015, foram realizadas as operações Imperador (R$ 62 milhões), Ouro de Tolo (R$ 8 milhões), Metástase (R$ 2 milhões) e a 9ª fase da Ararath (R$ 17 milhões).
Sodoma I, II, III, IV e V
Também foi em 2015 que teve início a saga da Operação Sodoma. As investigações da primeira fase, deflagrada em 15 de setembro, constataram que a antiga secretaria estadual da Indústria e Comércio, Minas e Energia (Sicme), atual pasta de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso (Sedec), concedeu incentivos fiscais, via Prodeic, de forma irregular para empresas.
Neste enredo, o empresário João Batista Rosa teria sido chantageado a pagar R$ 2 milhões a título de propina para obter o incentivo para suas empresas. Entre os indiciados e denunciados estão Silval e os ex-secretários Pedro Jamil Nadaf e Marcel Souza de Cursi.
Já a Sodoma 2 foi deflagrada em 11 de março de 2016. Nesta etapa, o objeto da investigação foi a aquisição de um terreno por R$ 13 milhões, localizado na avenida Beira Rio, em Cuiabá. A compra teria sido feita com parte dos cheques repassados como pagamento de propina de João Rosa.
No dia 22 daquele mesmo mês, foi a vez da Sodoma 3, que também apurou a suspeita de pagamentos de propina em contratos celebrados com o governo do Estado na gestão de 2010 a 2014. Um desdobramento dessa fase foi realizado em 25 de abril, para dar cumprimento a prisão do filho de Silval, Rodrigo Barbosa, suspeito de ocultar provas e receber propina no valor R$ 435 mil em desvios na gestão do pai.
A Sodoma 4 veio à tona em 26 de setembro do ano passado, descortinando um desvio de R$ 15,8 milhões por meio da desapropriação do imóvel conhecido por Jardim Liberdade, localizado nas imediações do Bairro Osmar Cabral, na Capital.
Por último, em 14 de fevereiro deste ano, a Sodoma 5 apontou um desvio de R$ 7 milhões, oriundos de fraudes à licitação, corrupção, peculato e organização criminosa em contratos celebrados entre as empresas Marmeleiro Auto Posto LTDA e Saga Comércio Serviço Tecnológico e Informática LTDA, nos anos de 2011 a 2014, com o governo.
2016
Nesse ano, foram deflagradas além das Sodoma 2, 3 e 4, a Seven, cuja investigação apontou que o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho teria recebido R$ 7 milhões, em 2014, pela venda de parte de uma área que já havia sido adquirida pelo governo. Um decreto, assinado por Silval, teria originado a suposta fraude.
2017
Além da Sodoma 5, a Pérfido foi deflagrada em 29 de março deste ano e revelou um rombo de R$ 60 milhões. Essa a operação é desdobramento de uma investigação iniciada em fevereiro, quando a prefeita de Várzea Grande Lucimar Campos (DEM) e o secretário municpal de Gestão Fazendária, hoje secretário de Governo, César Miranda, identificaram que fiscais de tributos estariam recebendo vantagens para não lançar os impostos devidos aos contribuintes.
Em 12 de abril, as investigações que culminaram na Miragem indicam que o prejuízo causado aos cofres públicos por meio de possíveis fraudes na Previdência chega a R$ 333 mil. Por último, deflagrada nessa terça (20), a Convescote aponta que uma organização criminosa desviou mais de R$ 3 milhões por intermédio de contratos da Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (Faespe) com a Assembleia, TCE, secretaria estadual de infraestrutura e Logística (Sinfra) e Prefeitura de Rondonópolis.