Damares dá versões diferentes sobre supostas torturas contra crianças
A ex-ministra e senadora eleita Damares Alves (Republicanos) não apresentou respostas oficiais sobre denúncias de supostas torturas e crimes sexuais envolvendo crianças no arquipélago do Marajó, no Pará. As declarações foram feitas durante culto na igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiânia.
No discurso, Damares deu detalhes dos supostos crimes que, segundo ela, teriam sido descobertos pelo governo. Questionada pelo Ministério Público Federal (MPF), ela ainda não se manifestou oficialmente, mas alterou a declaração em algumas ocasiões.
A princípio, o Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) informou que as informações de Damares eram baseadas em “numerosos inquéritos já instaurados que dão conta de uma série de fatos gravíssimos praticados contra crianças e adolescentes”.
A declaração, porém, contradiz esclarecimentos do Ministério Público e da Polícia Civil do Pará. O MP paraense chegou a declarar “nos últimos 30 anos, nenhuma denúncia sobre tráfico de crianças no Marajó mencionou torturas citadas por Damares”.
Após a primeira versão apresentada em Goiânia, onde dava detalhes e sugeria que o crime foi descoberto pelo governo, ela mudou o depoimento. Em entrevista concedida à Rádio bandeirantes, na quinta-feira da mesma semana, Damares não sustentou provas e afirmou que os relatos de estupro e tráfico de crianças foram ouvidos “nas ruas”.
Agora, ela sustenta que as imagens teriam sido recebidas pela Ouvidoria do MMFDH e repassadas diretamente ao MP e à Polícia, o que colocaria o conteúdo em sigilo.
Na última terça, 11, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), que integra o Ministério Público Federal do Pará, deu prazo de três dias para Damares detalhar as denúncias, o que ainda não ocorreu. Além do MPF paraense, membros do Ministério Público do Estado do Pará e da PFDC pedem que o Ministério apresente supostos casos descobertos, com detalhes, para que a investigação possa agir.