Marido da prefeita de Porangatu diz que fechará empresa se Lula ganhar eleições | Segundo turno
Áudio que circula nas redes sociais flagra o empresário Eronildo Valadares (dono de uma loja de materiais de construção), marido da prefeita de Porangatu, Vanuza Valadares (Podemos), coagindo seus funcionários a pedir voto para o presidente Jair Bolsonaro (PL). “Eu já anunciei para todos os funcionários, dia primeiro a empresa minha vai estar com uma faixa de liquidação de estoque que vai fechar a empresa, se o Lula ganhar vai fechar a empresa”, disse na gravação.
Em entrevista ao Jornal Opção, o empresário negou que tenha dito aos funcionários que eles perderiam o emprego caso Lula da Silva ganhe a eleição. “Eu fecho a minha empresa, mas não ameacei ninguém.” Apesar de negar, no áudio o ex-prefeito de Porangatu diz: “Eles vão ter que procurar o pessoal do PT para arrumar emprego”.
Durante a conversa, Eronildo diz ter gravado o áudio para um grupo de fazendeiros do Pará e comenta: “Eu não tenho empresa mais, a empresa está no nome dos meus filhos”. Porém, na sequência, ele diz ter empresa, mas sem funcionários. “Eu tenho uma empresa, mas eu não tenho nenhum funcionário nessa empresa, então automaticamente eu vou fechar ela. Não estou mandando ninguém embora, não estou ameaçando ninguém.”
No áudio, o patrão pede que funcionários convençam familiares a trocar votos — sugerindo que isso seria evidência de que o mesmo se importa em manter o emprego. “Cada um vê se convence uma pessoa da família. Nós temos que mostrar para eles o seguinte: se eles querem o emprego deles, que dê valor em quem arruma o emprego para eles.”
Áudio na íntegra:
Repercussão
O ex-vereador do município José Uilton (PT) demostrou indignação com a fala do empresário. “Ele é uma pessoa ingrata com a política, ele é ingrato com os funcionários dele. Um canalha desses vem nas redes sociais para pressionar seus funcionários, chantageando e alegando que se o Lula ganhar vai fechar a empresa”, desabafou.
De acordo com o advogado Bruno Pena, a conduta do empresário configura crime eleitoral. Está previsto no artigo 301 do código eleitoral que, usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos, prevê pena de reclusão de até quatro anos e pagamento de multa.
Bruno Pena esclarece: “A ação da pessoa, a partir do momento que declara aos seus próprios funcionários que se não votarem em determinado candidato vão ficar desempregados, configura grave ameaça para coagir alguém a não votar em determinada pessoa.”