Clínica que aplicou contraste em psicóloga já foi responsável pela morte de outras 22 pessoas durante mesmo procedimento
A psicóloga Bruna Nunes de Faria, de 27 anos, que morreu após passar mal ao receber 10 ml do contraste Gadovist, para realizar um exame de ressonância magnética do coração, não foi a primeira paciente a falecer na unidade de saúde durante o procedimento.
O Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) Unidade II, que fica na Avenida Portugal, no Setor Marista, em Goiânia, também já foi responsável pela morte de 22 pessoas em 2003. Na época, as vítimas foram intoxicadas por terem usado o contraste à base de bário Celobar para fazer exames radiológicos.
Indenização
A CDI, inclusive, chegou a ser condenada pelo juiz da 1ª Vara Cível de Goiânia, Luzvaldo de Paula e Silva, que determinou, no dia 16 de março de 2006, que o CDI pagasse indenização por danos morais no valor de R$ 40 mil a viúva da segunda vítima da capital, Evanir Fernandes de Oliveira. Ela era esposa do paciente Antônio de Oliveira e Silva, de 67 amos, que foi a segunda vítima a morrer.
Antônio se submeteu a um raio X do coração realizado pela clínica um dia antes da sua morte, no dia 22 de março de 2003, mesma data em que o caso Celobar veio à tona. A primeira morte, porém, foi da professora Rejane Lapolli Azevedo Ferreira, de 51 anos. Ela morreu às 11h15 do dia 21, cerca de 25 horas após fazer um raio-X abdominal. Até o fim daquele mês, 11 pessoas faleceram.
Nos casos notificados, as vítimas apresentaram náuseas, vômitos, fortes dores abdominais, diarreia e perda dos movimentos motores até terem uma parada cardíaca. Um laudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) comprovou que o contraste usado em Antônio e em outros pacientes tinha grande concentração de carbonato de bário (14% em 100 miligramas do contraste, enquanto o limite máximo permitido é de 0,001%).
Caso Bruna
Bruna morreu na última quarta-feira, 21, após passar mal ao receber contraste para um exame de ressonância magnética do coração. A suspeita, segundo a mãe da jovem, Jane Alves, é que ela teve um choque anafilático, uma reação alérgica grave. A jovem teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há 45 dias e fez o exame para descobrir a causa.
A morte está sendo investigada pela Polícia Civil (PC) que intimou a família da jovem para prestar depoimento nesta quarta-feira, às 10h da manhã.
“Ela já estava bem, mas a gente temia que ela tivesse um novo AVC. Não foi o primeira exame com a aplicação de contrate, foi o quarto que ela fazia. Quando se preparava para fazer o exame ela brincou comigo. No que aplicou o contraste, ela falou que não estava bem. Eles agiram com ela como se fosse uma batata quente. A falta de equipamento e de profissionais adequados provocou a morte da minha filha”, concluiu Jane.
‘Perda irreparável’
Em nota, a CDI informou que qualquer perda humana é irreparável. Eles afirmaram ainda que o contraste para exames de imagem utilizado em Bruna é um medicamento seguro, tendo reações graves em menos de 0,01% dos pacientes.
“Bruna recebeu todos os cuidados médicos tanto durante a preparação para o exame quanto para a situação de emergência, sendo atendida por uma equipe completa de profissionais de saúde, composta por cardiologista, radiologista, enfermeiros e técnicos”, diz trecho da nota.