Jogador iraniano poderá ser condenado à morte por defender direito das mulheres

Um abaixo assinado com mais de 1,6 milhão de assinaturas exige a anulação da sentença de pena de morte para o jogador de futebol iraniano Amir Nasr-Azadani. O atleta de 26 anos foi sentenciado à morte por ter participado de protestos em defesa dos direitos das mulheres.

O documento está aberto na plataforma Change.org e atingiu a marca de assinaturas em apenas uma semana. A campanha foi lançada na Argentina, logo após a seleção local ser tricampeã na Copa do Mundo do Catar. A petição ganhou tradução para mais seis idiomas e viralizou dentro e fora da plataforma.

Muitas celebridades e atletas se uniram ao movimento. A cantora Shakira publicou em seu Twitter o link do abaixo assinado e disse que a luta pela igualdade e pelos direitos humanos deve ser reconhecida, e não punida. Da mesma forma o Sindicato Internacional dos Jogadores (Fifpro) igualmente se solidarizou e denunciou o caso. “Somos solidários com Amir e exigimos que sua sentença seja revogada imediatamente”, pediu.

Entenda o caso

Amir é formalmente acusado de pertencer a um grupo armado responsável pelo assassinato de três agentes de segurança, em 16 de novembro, na cidade de Isfahan, região central do Irã de acordo com o serviço persa da BBC. As autoridades afirmam que, o jogador confessou o crime e que possui gravações de câmeras de segurança e outras provas contra ele e mais nove pessoas.

Fontes locais, no entanto, declararam que, apesar de ter participação nos protestos, Azadani não estava no local em que o oficial militar foi assassinado e, por isso, não teria como estar envolvido no crime.

Os protestos

As manifestações em favor das mulheres no Irã começaram após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, que morreu após ser detida pela chamada polícia da moralidade em 13 de setembro, por supostamente usar o hijab (véu) de forma incorreta. A partir daí, as manifestações se espalharam pelo país num dos movimentos mais sérios contra a República Islâmica desde a revolução de 1979.

Durante a Copa do Mundo do Catar, a seleção iraniana aproveitou a ocasião e fez sua parte dentro de campo no momento em que é cantado o hino nacional de cada país. Os jogadores ficaram em silêncio e não cantaram o hino do Irã, no jogo de abertura da Copa contra o Catar.

Estima-se que há pelo menos 26 pessoas em grave risco de execução. O governo classifica os protestos de motins contra o governo. Já os manifestantes, asseguram que são protestos pacíficos.



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