Dois militares que participaram de tentativa de golpe são demitidos

O coronel da reserva Adriano Camargo Testoni foi indiciado pelo exército por participar dos atos golpistas deste domingo, 8. A decisão foi compreendida como uma sinalização do comando do Exército ao Planalto de que não darão continuidade ao “precedente Pazuello” (em referência ao ex-ministro da saúde, que participou de manifestação política proibida a militares mas não foi punido). O indiciamento ocorreu nesta sexta-feira, 13, apenas três dias após a abertura do inquérito. 

“Bando de generais filhos da puta”, disse Testoni em gravação durante o ato golpista. “Covardes. Olha o que está acontecendo com a gente. [Ex-comandante] Freire Gomes, filho da puta. Alto Comando do caralho. Olha o povo, minha esposa”, disse o coronel. A conclusão da Força é que o coronel da reserva cometeu dois crimes tipificados pelo Código Penal Militar. O primeiro é o crime de injúria. Há ainda o agravamento pelo fato de os xingamentos terem sido proferidos contra oficiais-generais, ou seja, superiores hierarquicamente.

O segundo é o crime de ofensa às Forças Armadas, caracterizado por “propalar fatos, que sabe inverídicos, capazes de ofender a dignidade ou abalar o crédito das Forças Armadas ou a confiança que estas merecem do público”. Somadas, as penas podem ser de um ano e oito meses de prisão. Na segunda-feira (9), após a repercussão do caso, Testoni gravou vídeo pedindo desculpas ao público militar. 

Testoni, entretanto, faltou aos depoimentos agendados, alegando problemas de saúde. O coronel reformado, que ainda recebe R$ 25 mil de salário bruto de aposentadoria, trabalhava no Hospital das Forças Armadas, mesmo estando na reserva, com contrato de tarefa por tempo que foi interrompido após a divulgação dos vídeos. 

Além de Testoni, outro militar da reserva foi demitido após ter participado dos atos golpistas. O capitão de mar e guerra reformado Vilmar José Fortuna tirou fotos no gramado do Congresso Nacional após os bolsonaristas radicais terem rompido a barreira de segurança montada pela Polícia Militar do DF. A demissão de Fortuna foi pedida pelo próprio ministro da Defesa, José Múcio, em ofício ao Comando da Marinha.



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