Justiça analisa vazamento de material radioativo no mar de Angra

A Justiça do Rio de Janeiro está investigando vazamento de material radioativo ocorrido na usina de Angra 1 e que resultou no lançamento de água contaminada na Baía de Itaorna, em Angra dos Reis. Embora o incidente tenha ocorrido em setembro do ano passado, a Eletronuclear, a estatal responsável por gerir as usinas, só comunicou o fato 21 dias após o ocorrido. A informação foi divulgada hoje, 23, pelo jornal O Globo.

De acordo com a estatal, um “pequeno volume” do material radioativo foi “involuntariamente lançado no sistema de águas pluviais” e foi classificado como um “incidente operacional”, sem a necessidade de cumprir o “rito de notificações que seriam obrigatórias em caso de acidente”. Após análise do incidente, a Eletronuclear afirmou que não foram encontrados “resultados significativos”.

No entanto, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) abriu uma investigação sobre o incidente e solicitou informações à Eletronuclear. Segundo o MPRJ, é necessário avaliar a gravidade do vazamento e verificar se todas as medidas de segurança foram adotadas pela empresa. É preciso também apurar a conduta da estatal em relação à comunicação tardia do incidente às autoridades competentes.

A companhia estima que 90 litros tenham escorrido para o mar. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), responsável por supervisionar e controlar o programa nuclear do país, o Ibama e o Ministério Público Federal afirmam que houve demora na comunicação do vazamento às autoridades.

Inicialmente, a estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia informou às autoridades que o material radioativo foi contido e não vazou das suas instalações. Depois, mudou de versão e admitiu que uma pequena parte acabou lançada ao mar.

A Eletronuclear afirmou que vai contestar os relatórios do Ibama e da CNEN que apontam atraso na comunicação do acidente. No entendimento da empresa, o vazamento foi tratado internamente como um incidente operacional reportado nos relatórios regulares, e não como um acidente que justificaria uma notificação imediata às autoridades.

Ontem, a juíza federal Monica Maria Leone Cravo determinou que a Eletronuclear avalie todos os possíveis danos causados na Baía de Itaorna e divulgue publicamente “informações objetivas sobre o acidente e as medidas adotadas para remediar os danos, de forma a garantir o direito à informação da população afetada e a prevenir a manipulação de informações”.



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