“Nós queremos que todas as mulheres e todos os homens tenham direitos iguais”, diz vereadora ao lembrar assassinato de Marielle
Cinco anos depois dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a vereadora Kátia Maria, do PT, usou o plenário da Câmara Municipal de Goiânia nesta terça-feira, 14, para lembrar a impunidade em relação ao crime, ainda não desvendado. A parlamentar também falou sobre combater a violência política de gênero.
“A memória dela está viva para nos de lembrar que ainda não temos o mandante do crime, então continua essa interrogação de quem mandou matar Marielle. E para nós, mulheres, isso é muito simbólico e muito forte, principalmente para mulheres que estamos na atuação da política. Porque a violência política de gênero acontece de várias formas”.
Vereadora Kátia Maria, do PT
As mulheres passam a vida lutando contra o silenciamento de suas vozes; batalham por igualdade de tratamento nos diferentes espaços; buscam representatividade na vida pessoal, pública e profissional; resistem à violência de todas as tipificações e quando conseguem superar as fronteiras do ambiente político, pasmem, elas precisam conviver com a violência política de gênero.
Os episódios vão desde xingamentos, ameaças e até morte, como ocorreu de fato em 2018 com a vereadora carioca Marielle Franco. E, mesmo depois de cinco anos, o caso segue sem respostas.
Para a parlamentar, a violência também acontece de forma “sútil” e “subliminar” e acaba passando despercebida. “Quando você cessa a fala de uma mulher, quando você não abre espaço para ela estar em uma comissão, ou para estar em uma Mesa Diretora. Ela quer apresentar um projeto e as vezes é atravessada, é isso acontece nos mais diversos espaços”, enfatiza.
Em entrevista ao Jornal Opção Kátia fala sobre resiliência para enfrentar essas barreiras empostas pelo patriarcado e pela construção social. Mesma visto como sútil, parlamentares mulheres sofrem na pele a violência, começando pela baixa representatividade nos parlamentos composto majoritáriamente por homens.
“É uma cultura nossa infelizmente do Brasil, a cultura machista, a cultura patriarcal. Aqui na Câmara as vezes eu também percebo a presença de algumas piadinhas, de algumas brincadeirinhas, isso acaba desqualificando o trabalho da parlamentar”.
Vereadora Kátia Maria, do PT
Relembre
Vítima de violência de gênero, a veradora Camila Rosa fazia uso da palavra, conforme prevê o regimento, e foi interrompida pelo presidente da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia, André Fortaleza (MDB), que ordenou que o microfone dela fosse desligado. A parlamentar afirmou que foi constrangida, humilhada e desmoralizada pelo presidente da Casa. O caso aconteceu no dia 2 de fevereiro de 2022.
Em março do ano passado, a Polícia Civil de Goiás (PC-GO) concluiu que Fortaleza, praticou violência política de gênero contra Rosa. O inquérito foi encaminhado para a Vara Eleitoral do município de Aparecida de Goiânia. O crime está previsto no Art. 326-B do Código Eleitoral. Caso seja condenado, Fortaleza pode ser penalizado com reclusão de 1 a 4 anos, além de pagamento de multa.