Revoltados, motoristas de app fecham a Prainha pedindo Justiça

Revoltados com a morte de três colegas de profissão, cerca de 100 motoristas de aplicativo fecharam, na manhã desta terça-feira (16), a Avenida da Prainha, no Centro de Cuiabá. 

Isso é muito revoltante! É revoltante para o mundo humano, para a família do motorista, é revoltante para a população. Saímos de casa sem ter certeza de que a gente volta

 

Elizeu Rosa Coelho, de 58 anos, Nilson Nogueira, de 42, e Márcio Rogério Carneiro, de 34, foram sequestrados e mortos por três jovens. Dois dos corpos foram encontrados ontem e um esta manhã. 

 

O trio alegou querer matar um motorista de aplicativo por dia para roubá-los e também pelo prazer de matar. 

 

Segundo a presidente do sindicato da categoria, Solange Menacho, de 57 anos, a revolta foi maior do que o medo, e os motoristas de app foram às ruas para pedir Justiça pelos companheiros de profissão e chamar a atenção para o cenário de insegurança enfrentado por eles. 

 

Há oito anos no ramo, Solange conta que há seis meses foi sequestrada por criminosos, rendida e deixada amarrada na estrada para Santo Antônio. Segundo ela, o sentimento é de insegurança e revolta. 

 

Nos registros é possível ver uma das principais avenidas da Capital completamente interditada pelos profissionais. 

 

O buzinaço acompanhava frases como: “Travou, o bagulho aqui é sério” e “Era um por dia, na safadeza mesmo”. Um dos motoristas chegou a se deitar no asfalto quente para interditar a via. 

 

O trio de jovens, dois deles menores de idade de 17 e 15 anos, e Lucas Ferreira da Silva, de 20, confessou o crime e disse que não iria parar. Eles teriam, segundo o delegado Nilson Farias, “tomado gosto por matar” 

 

“Isso é muito revoltante! É revoltante para o mundo humano, para a família do motorista, é revoltante para a população. Saímos de casa sem ter certeza de que a gente volta”.

 

O caso, segundo a presidente, gerou um caos nos grupos de WhatsApp da categoria. 

 

“Os grupos já estavam bem exaltados quando os colegas começaram a sumir, depois veio a revolta com as mortes. Não foi fácil ver um parceiro, ver um amigo, que estava rodando sendo morto. Todos nós estamos muito, muito, muito revoltados”, disse. 

 

Outro motorista de app, que participou da manifestação e preferiu não ser identificado, contou que na última sexta-feira foi alvo de criminosos e teve seu carro roubado.  

 

Hoje, vendo o fim trágico dos colegas, ele agradece a Deus por ter perdido apenas um bem material e não a vida. 

 

“Eu parei ali próximo da UFMT, na Fernando Corrêa, chegaram dois rapazes e me abordaram. Eles queriam uma corrida para a rodoviária. Na inocência, achei que não tinha perigo porque por ser numa avenida movimentada e aceitei”, conta. 

 

Ele disse ter notado o nervosismo da dupla e, quando pegou o celular para mandar sua localização a um amigo, ouviu o barulho metálico do gatilho da arma. 

 

“Não acreditava que aquilo estava acontecendo, tive medo de morrer. Sou um pai de família”. 

 

“Veio aquele sentimento de insegurança. Alguém está errando e não somos nós que estamos trabalhando. Porque para esses bandidos terem a cara de pau de roubar e fazer o que fizeram com os nossos outros colegas, alguém está falhando”. 

 

Uma nova manifestação está sendo organizada para esta quarta-feira (16) na Orla do Porto.

 

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