Ex-secretário diz ter sido ameaçado na prisão por delator de esquema em MT
Do G1 MT
Em depoimento à Justiça nesta quinta-feira (15), o ex-secretário de Educação de Mato Grosso, Permínio Pinto, que está preso há quase cinco meses por suspeita de fraudes na pasta, declarou que foi ameaçado dentro da prisão pelo delator do esquema, o empresário Giovani Guizardi. O suposto esquema tinha o objetivo de desviar verba da educação para quitar dívidas de campanha do governador Pedro Taques (PSDB), segundo delator.
O governo ainda não se manifestou sobre as declarações do ex-secretário a respeito do governador.
Segundo Permínio, que foi preso na primeira fase da operação Rêmora e levado para o Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), onde ficam os presos com ensino superior completo, o delator do esquema o procurou ainda na primeira semana em que ele foi preso.
A ameaça teria ocorrido quando o ex-secretário voltava do banho de sol. “Quando voltei o Giovani estava me esperando com uma reportagem impressa em uma folha de papel na mão”, contou. Segundo Permínio, o texto especulava um possível acordo de delação premiada entre ele o Ministério Público Estadual (MPE).
Em seguida, de acordo com o ex-secretário, Guizardi o questionou sobre o conteúdo da reportagem e o intimidou. “Ele [Guizardi] disse que eu não teria coragem para fazer uma delação e que era melhor eu não fazer isso, visto que as pessoas do lado de fora da prisão estavam cuidando de mim”, declarou.
Guizardi passou sete meses preso e foi solto após firmar acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual (MPE). No depoimento, ele disse ter arrecadado, ao longo de toda sua participação no esquema, R$ 1,2 milhão em propina, dos quais R$ 120 mil ficaram com ele e o restante foi distribuído entre os outros integrantes da organização.
Durante o depoimento, Permínio confirmou a existência de um esquema dentro da secretaria para desvio de verba pública. Ele afirmou ter sido procurado pelo empresário Alan Malouf em dezembro de 2014, que lhe apresentou uma proposta para que reavesse valores investidos na campanha de Taques. A assessoria do empresário informou que o empresário sempre se colocou à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos. A defesa ainda não recorreu da decisão que mandou prendê-lo.
Na nova fase da operação que investiga o desvio, chamada de ‘Grão Vizir’, Alan Ayoub Malouf foi preso na quarta-feira (14). Ainda durante cumprimentos de mandados da operação, o servidor Edézio Ferreira da Silva, citado por Guizardi como integrante da quadrilha.
Outros depoimentos
Nesta quinta-feira (15) também foram ouvidos na 7ª Vara Criminal de Cuiabá os ex-servidores da Seduc, Wander Luiz dos Reis e Moisés Dias. Os dois afirmaram que desconhecem o esquema e que não faziam parte da quadirlha.