MT é o 1º do Centro-Oeste no ranking de mortes de policiais, diz pesquisa
Mato Grosso liderou, em 2013, o ranking de policiais mortos e feridos na região Centro-Oeste, segundo a pesquisa divulgada pelo Ministério da Justiça, na última semana. Ao todo, o estado perdeu 22 policiais naquele ano, usado como referência para o levantamento. Além das mortes, 1.010 ficaram feridos tanto em serviço quanto de folga.
Conforme o “Diagnóstico dos Homicídios no Brasil”, a região Centro-Oeste foi a que mais registrou morte de policiais militares e civis naquele ano. O Distrito Federal registrou 17 mortes, enquanto Mato Grosso Sul teve sete policiais mortos. Em Goiás, nenhum policial foi morto naquele ano.
O levantamento do Ministério da Justiça aponta como possíveis causas para esse número elevado as manifestações populares que ocorreram nas capitais do país em junho de 2013. Em Cuiabá, 30 mil pessoas foram às ruas protestar contra a corrupção, segundo estimativa da Polícia Militar.
Para a pesquisadora Vera Bertolini, do Núcleo Interinstitucional de Estudos da Violência e Cidadania da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), os fatores que levam a índices altos de policiais feridos e mortos precisam ser melhores investigados e é temeroso relacionar tal índice com manifestações populares.
“Discordo frontalmente. Os nossos movimentos são extremamente pacíficos. O que eu observo é que a utilização da arma de fogo por policiais para fazer desmobilizações ou para fazer outros enfrentamentos é demasiado. É logico que as respostas, quando você tem uma ameaça iminente, também serão radicais. Sem contar que temos grupos de vingança contra policiais que são truculentos ou que mataram alguém”, afirmou.
Bertolini acredita que falta, por parte do estado, mais investimentos na formação de recursos humanos e no treinamento dos policiais, com foco em uma ação não-letal de enfrentamento às crises.
“Há outros mecanismos de controle não-letais que a PM de Mato Grosso usa muito pouco. Ao invés de atirar no pé ou na perna, preferem mirar na cabeça. Há algo errado desde o inicio do processo de formação dos policiais. É a replicação de uma prática histórica, pautada em uma cultura, mas que poder mudada, por novas práticas de formação das polícias, com respeito aos direitos humanos”, disse.
Para a pesquisa, cabe ao estado pensar em uma forma de aumentar o tempo resposta para a utilização de arma de fogo por policiais de uma outra perspectiva. “Do contrário, é lógico que teremos fatalidades”, concluiu.
Homicídios em MT
Conforme a pesquisa do Ministério da Justiça, quando o assunto é número e índice de homicídios, o estado também liderou o ranking regional – e ficou em 4º lugar no ranking nacional –, com 1.276 assassinatos registrados em 2014. Isso fez com que Mato Grosso alcançasse uma taxa de 39,6 homicídios a cada 100 mil habitantes, o que significa que mais pessoas morreram aqui do que países com históricos de guerra civil.
O G1 entrou em contato com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) para que se manifestasse sobre a pesquisa, mas até a publicação desta reportagem não recebeu retorno. (Do G1 MT)