O Popular publica nova propaganda bolsonarista irregular 5 dias após investigação do MP

A sétima página da edição do dia 26 do jornal O Popular traz ao leitor mais um crime eleitoral. Apenas cinco dias depois de publicar outra propaganda irregular no mesmo estilo, a empresa Grupo BC Energia anuncia em página inteira a “liberdade” com “22%” de desconto – tudo na mesma identidade visual da campanha do candidato Jair Bolsonaro (PL).

O número 22, do PL de Bolsonaro, também é repetido em: “promoção válida até o próximo dia 22 para os primeiros 222 clientes”. O texto ainda faz referência a feitos do governo federal como a portaria 05/2022. Obviamente, a propaganda política disfarçada de anúncio publicitário tenta driblar a determinação da Justiça Eleitoral de que exista paridade de tempo e espaço na mídia para diferentes candidatos. 

As duas questões importantes são: A) os anunciantes pagaram para imprimir uma página inteira de propaganda para Jair Bolsonaro a troco de quê?  B) percebendo que se a Justiça Eleitoral fosse atropelada por uma avalanche as irregularidades poderiam passar impunes, profissionais da comunicação política decidiram arriscar a sorte? 

Aparentemente, infringir as regras está valendo a pena, pois O Popular reincide cinco dias depois de imprimir propaganda da concessionária Ford Navesa e Ciaasa, que já está sendo investigada pelo Ministério Público Eleitoral de Goiás, e que foi denunciada por veículos como O Antagonista e O Globo.

Acontece que o dever de cumprir a legislação eleitoral não é apenas dos publicitários do Grupo BC, e o dever de fiscalizar não é apenas do MP. A responsabilidade do setor de marketing de um jornal não é apenas a de imprimir qualquer coisa pela qual paguem. O art. 43 da Lei 9.0504/97 deixa claro que os responsáveis pelo veículo de imprensa têm a obrigação de seguir as regras da publicidade, inclusive durante o período eleitoral. 

Goiás já é o lar das embaraçosas campanhas de marketing da loja Empório Sete, que vendeu diferentes marcas de vinho por R$ 22. Goiás já é o lar do Frigorífero Goiás, onde uma mulher morreu no dia 6 de outubro pisoteada na promoção “Picanha Mito” por R$ 22 (só vendida para clientes que vestiam uma camiseta da seleção). Goiás está se tornando o lar do se colar colou, onde a sociedade entrou na onda de uma campanha eleitoral suja e, duvidando da capacidade da Justiça, decidiu arriscar as regras do jogo por R$ 22. 



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