Caso Luana: saiba como funciona a mente de um criminoso
A mente de um criminoso é um mistério para a população em geral que se surpreende com a repercussão de crimes hediondos como o ocorrido com a estudante Luana Alves, de 12 anos, no setor Madre Germana 2, em Goiânia.
A jovem foi encontrada nesta terça-feira, 29, após desaparecer no domingo, 27, ao sair para ir ao mercado. Ela foi morta pelo pedreiro Reidimar Silva Santos, de 31 anos, após sofrer uma tentativa de estupro. O suspeito também esquartejou, ateou fogo e concretou o corpo da vítima no quintal de casa.
Mas afinal, o que leva uma pessoa a cometer esse tipo de crime? Pensando nisso, o Jornal Opção ouviu especialistas para tentar entender a mente desses criminosos. Para o psiquiatra forense, Ciro Mendes Vargas, os indivíduos que praticam crimes bárbaros já possuem histórico policial, como no caso de Reidimar, que já foi preso por estupro, roubo e receptação.
O especialista diz ainda que o consumo de drogas, como apontado pelo pedreiro, não pode ser configurado como motivo de um crime. Isso porque a cocaína, por exemplo, não faz com que o criminoso perca os sentidos.
“Muitas vezes essas pessoas apresentam características psicopatas. São indivíduos mais frios, que já romperam várias barreiras morais e já praticaram ações pouco empáticas. A cocaína não tira o entendimento dele, do planejamento”, explicou.
Psicopatia
O psicólogo forense, Shouzo Abe, diz que a psicopatia é um distúrbio caracterizado por uma pessoa que não se importa com regras, valores e nem com a vida alheia. Ele diz que esse tipo de pessoa prioriza a si mesmo, não medindo esforços para realizar os desejos.
“Quando a pessoa não se importa com a vida do outro, já temos um alerta que essa pessoa precisa ter um monitoramento, a fim de proteger uma pessoa ou até mesmo uma comunidade ao redor. Não é uma doença que incapacita a pessoa de discernir os seus atos, ele sabe o que está fazendo, ele planeja o que está fazendo. O problema é que ele vai passar por cima de qualquer coisa para realizar o seu desejo”.
Diagnóstico
Ainda de acordo com Shouzo, o diagnóstico de psicopatia é algo complexo, assim como a mente do criminoso. Ele diz que é preciso um olhar específico e que o comportamento de um psicopata pode ser percebido ainda na infância.
“Não é simples diagnosticar um psicopata. Não é simples reconhecer um psicopata na sociedade. Porém, eles estão por aí. Não podemos diagnosticar uma criança como psicopata, porque somente após os 18 anos que esse diagnóstico pode ser feito. Cabe a sociedade e as autoridades entenderem melhor como são essas pessoas. Além disso, também é preciso investir em políticas públicas para que se tenha tratamentos e acompanhamentos. Afinal, só a prisão não vai mudar essas pessoas”, concluiu.