Por dia, mais de três mulheres são vítimas de importunação sexual em Goiás

O número de mulheres vítimas de importunação sexual sofreu um aumento de 22% nos primeiros 241 dias (oito meses) de 2022. Ao todo, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SPP) registrou 687 crimes desta natureza entre janeiro e agosto. No mesmo período do ano passado, o órgão contabilizou 563 ocorrências.

Ou seja, por dia (em 2022) quase três mulheres sofreram importunação sexual, totalizando 85 casos por mês. Se comparado a 2020 (427 casos), o aumento é ainda maior, na casa dos 60,8%. 

Para a titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Aparecida de Goiânia, Cybelle Tristão, os números não dizem respeito à realizada, visto que muitas mulheres não denunciam o crime.  

Apenas na especializada, por exemplo, são registradas, em média, três ocorrências por mês. A investigadora diz que o baixo número pode estar relacionado a vários motivos, como a falta de conhecimento da legislação por parte das vítimas, o medo de denunciar o agressor e a impunidade por parte da lei.

“A importunação sexual é um ato libidinoso menos grave do que o estupro. O crime de estupro ele é mais grave porque é praticado com violência e grave ameaça. Mesmo que a importunação sexual também seja praticada contra a vontade da vítima, não existe a presença da violência ou da grave ameaça”, explicou Cybelle. 

Conduta 

Ainda de acordo com a delegada, a importunação pode ser caracterizada por atos como carícias nas nádegas, seios e parte íntimas. Ou seja, é um crime sexual de menor agressividade ao corpo e mente da vítima. 

“Há casos típicos dentro do transporte público, como aquele homem que fica próximo às mulheres, encostando seu órgão genital nas vítimas para a lascívia própria. Até mesmo casos em que esse passageiro ejacula na mulher. Há casos também de palavras de baixo calão proferidas contra a vítima”, disse.

Homens não admitem 

Uma pesquisa publicada pelo Ipec e o Instituto Patrícia Galvão, com apoio da Uber, em outubro, afirmou que cerca de 45% das mulheres no Brasil já tiveram o corpo tocado sem consentimento em locais públicos, mas apenas 5% dos homens admitem a prática.

A pesquisa também afirmou que 41% das brasileiras já foram xingadas ou agredidas por dizerem ‘não’ a uma pessoa que estava interessada por elas. Outros 32% delas afirmaram ter passado por uma situação de importunação ou assédio sexual no transporte público e 31% declararam que já sofreram tentativa ou abuso sexual.

As vítimas deste tipo de crime podem denunciar o agressor anonimamente na delegacia ou pelos canais de denúncia da Polícia Civil (PC). Em Goiás, os telefones para contato são: 197 e 180.



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