População precisa andar até 28 quilômetros para descartar lixo em Goiânia

Não é difícil andar pelas ruas da capital e se deparar com lixo na rua. Além de ser considerado crime, pode render multa ao cidadão que o descartou. Porém, em Goiânia, a população ‘de bem’ que prefere colocar o lixo no bolso para descartar em uma lixeira pública pode precisar andar até 28 mil metros quadrados (m²) para encontrar algum dos cerca de 16 mil recipientes espalhados pela cidade. 

Mesmo que o número de lixeiras públicas tenha passado de oito para 16 mil nos últimos anos, conforme a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), elas ainda não são suficientes para comportar os mais de 1,5 milhão de moradores, espalhados pelos 448,12 mil km² de área urbana da capital. 

Região da 44

Para se ter uma ideia, apenas a Região da 44 recebe, em média, 50 mil pessoas diariamente, totalizando 350 mil pessoas por semana, conforme a Associação dos Lojistas da 44 (AER44). No entanto, a população possui apenas 50 lixeiras públicas para depositar os resíduos que produzem ao comprar ou passar pelo local. 

Vale lembrar que a região é composta pelo quadrilátero formado pelas ruas 44, Contorno e Independência, possuindo cerca de 118 mil m², sendo que cada lixeira atende pouco mais de 2,36 mil m² de área ou cerca de um mil pessoas por dia. 

“Locais com maior movimentação de pessoas precisam ter mais lixeiras. A gente também não pode computar lixeiras que estão depredadas. Nós temos as feiras e locais de encontro coletivo em que sempre temos aquele resultado triste no final do evento, devido a quantidade de lixo espalhado”, explicou a vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU), Janaína de Holanda. 

A Comurg afirmou que fabrica e instala novas lixeiras mensalmente, mas que ‘centenas delas’ precisam ser reformadas  todo mês devido ao vandalismo, como o ato de atear fogo nos resíduos dentro do recipiente.

Prejuízo

Para Janaína, o descarte irregular de lixo, seja por falta de lixeiras ou a ausência de indicação por parte do morador, é prejudicial à cidade. Isso porque com as chuvas, o lixo é carregado pela enxurrada até as bocas de lobo, que abarrotadas de lixo, acabam entupido e inundando a cidade. O problema de inundações, inclusive, é um velho conhecido do povo goiano.

“Aquilo que vai para a rua volta para você. É um ciclo. Não dá para varrer o lixo para a borda e jogar fora. O lixo que você jogou na rua vai para a boca de lobo, que pode vir a alagar a cidade e esse alagamento pode ceifar uma vida”, concluiu Janaína.

Multa

Em 2016 foi criada uma lei que multa o transeunte que jogar lixo nos ambientes públicos da capital fora das lixeiras. De acordo com a lei, os recursos financeiros provenientes da arrecadação com as multas serão destinados à Comurg para manter as lixeiras públicas em bom estado e instalar novas. 

A fiscalização, entretanto, é realizada pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma). O órgão, no entanto, não aplicou uma multa sequer até o momento. Eles justificam que para multar uma pessoa é necessário um flagrante, além da autuação dos pedestres. 



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