Órgãos de segurança pública de Goiás registraram 22 trotes por hora em 2022

Brincadeiras de mau gosto que podem custar a vida de uma pessoa. Assim são podem ser descritos os trotes, que são bastante praticados contra os órgãos de segurança pública de Goiás. Apenas em 333 dias (janeiro a novembro de 2022), por exemplo, corporações como a Polícia Civil (PC), Polícia Militar (PM) e Corpo de Bombeiros (CBGO) receberam 22 ligações indesejadas por hora, somando 541 por dia ou 16.377 por mês.

Juntas, as forças de segurança registraram 180.156 trotes em 2022. No mesmo período, foram registradas 346.772 ligações de todos os tipos. Ou seja, 51,9% das solicitações eram falsas.

Prejuízo

A prática é prejudicial ao trabalho das instituições, visto que ao invés de atender uma real necessidade, acabam perdendo tempo em linha com uma falsa ligação de urgência, conforme a chefe de comunicação da Polícia Civil (PC), delegada Paula Meotti. 

Além de atrapalhar o trabalho das forças de segurança pública, a pessoa que praticar a brincadeira pode acabar sendo presa. A pena, inclusive, pode pegar uma pena de  até seis para maiores de idade. Além disso, pessoas com menos de 18 anos também podem ser punidas. 

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), esse tipo de ligação é um ato infracional gravíssimo e quem o comete deve ser encaminhado para a Vara da Infância e da Juventude para que sejam aplicadas as medidas socioeducativas.

“É importante que a população observe a necessidade de seriedade no tratamento com o canal de denúncias. Esse contato pode salvar vidas de pessoas que estejam sofrendo algum crime. Muitas pessoas ligam alegando que viram pessoas com mandado de prisão em aberto ou que presenciaram um crime, mas quando vamos ver não passou de falsas informações”, explicou Paula.

Triagem

Para combater as ligações indesejadas, os atendentes das corporações realizam triagem com uma série de questionamentos que ajudam a identificar os trotes e, consequentemente, evitar desperdício de dinheiro público e danos à população, conforme explicou o capitão do Corpo de Bombeiros, Hugo de Oliveira Bazilio.

“É feita uma triagem dessas ocorrências para que possamos avaliar, sendo que percebemos que muitas delas são trotes. Porém, diariamente, nos deslocamos até determinados locais, em média cinco, onde é constatado que é uma ocorrência falsa. Ou seja, a gente tem uma perda de recursos, tempo e efetividade no atendimento ao cidadão. Precisamos muito do apoio da população para combater essa prática”, reforçou.

Falso sequestro

Um caso recente de trote ocorreu no dia 5 de julho deste ano, quando uma mulher grávida de 9 meses virou alvo de investigação por simular um falso sequestro para fugir com o ex-namorado, em Aparecida de Goiânia. O objetivo da jovem, segundo a PC, era de que a família não descobrisse que ela havia reatado o romance com o rapaz. O suposto sequestro chegou ao conhecimento da corporação no último dia 30 de junho.

Depois de tomar conhecimento do caso e começar a investigar o sequestro, a corporação descobriu que a jovem grávida estava apenas fingindo, enquanto se escondia na casa do companheiro no Distrito Federal (DF). A jovem, inclusive, teria sacado R$ 19 mil de uma conta a pedido da família e depois fugido da cidade para se encontrar com o rapaz, com quem a família não aprovava o namoro.

Com as mensagens e fotos enviadas pela jovem durante a simulação, a PC começou a procurar a localização do suposto cativeiro. Os policiais foram até o distrito de Nova Fátima para tentar encontrar a jovem, mas ‘passaram batido’. Porém, ao continuar analisando novas imagens, a corporação conseguiu identificar o prédio em que a jovem estava escondida no DF. 



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