Briga por pagamento de dívida provocou morte de Juscelia, diz Polícia Civil

*Com informações de Cilas Gontijo

Após prender Reginaldo Nunes de Moura, de 43 anos, marido e apontado como principal responsável pela morte da esteticista Juscelia de Jesus Silva, 32, no dia 14 de fevereiro, a Polícia Civil revelou que a morte dela ocorreu durante briga do casal. Juscelia e Reginaldo estava discutindo sobre o uso de dinheiro, quando a situação escalou e ela acabou sendo jogada no chão, batendo a cabeça e morrendo.

O suspeito revelou, em depoimento à Polícia Civil – “sem demonstrar nervosismo ou remorso”, revela o delegado adjunto da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios, João Paulo Mendes – que os dois tiveram um desentendimento ao tentar resolver o destino de R$ 8 mil obtidos na venda de um veículo.

Juscelia queria pagar imediatamente uma dívida do casal, no valor de R$ 13 mil, com a soma de outra quantia acumulada pelo casal. Reginaldo, por outro lado, queria pagar dívidas menores e aguardar para negociar o alto valor futuramente.

Durante a discussão, ele acabou jogando a vítima no chão, caindo por cima dela. O suspeito não soube apontar o tipo de dano sofrido, mas revelou que ela bateu o rosto e pode ter quebrado o pescoço. Ele também afirmou que a mulher imediatamente começou a se debater, mas nenhuma tentativa de reanimação teria funcionado.

“A gente inquiriu se ele chegou a acionar socorro ou pedir ajuda, mas disse que não, porque ficou muito nervoso”, explicou o delegado.

A causa da morte ainda não foi determina e aguarda laudo de exames complementares por parte da Polícia Técnico-Científica.

Contradições

Degelda Ana Paula Machado e delegado João Paulo Mendes: equipes da PC atuaram em conjunto para solucionar caso de desaparecimento | Foto: Cilas Gontijo

Ainda em depoimento à Polícia, Reginaldo confessou que o casal já havia brigado na noite de segunda-feira, 13, anterior ao crime. Na terça, após levar à filha a escola, os dois voltaram a discutir e a mulher acabou morrendo.

Após a morte de Juscelia, Reginaldo entrou em contato com o cunhado, irmão da vítima, e pegou um carro emprestado. O veículo foi utilizado para levar o corpo, envolto em plástico e amarrado com cordas, a um terreno na zona rural de Abadia de Goiás. Juscelia foi encontrada por uma pessoa que passava pelo local e avisou à Guarda Municipal.

Durante esse tempo, Reginaldo alimentou versão falsa de que a mulher teria saído para fazer entrevistas de emprego e teria tido surtos psicóticos. Além de mentir para a família de Juscelia com a versão, ele chegou a utilizar o celular dela para simular contatos e tentar alimentar a mentira.

As contradições foram apontadas durante investigação do Grupo de Investigações de Desparecidos, que iniciou os trabalhos após ocorrência da família. Segundo a delegada Ana Paula Machado, que assumiu o caso, não foram identificados locais em que Juscelia poderia ter feito entrevistas de emprego.

A versão de Reginaldo também mencionava contatos da mulher com o aplicativo de transporte Uber, o que também foi desmentido. “Havia contradições entre a versão do esposo e os levantamentos da PC. Diante disso, ativamos o serviço de inteligência, que foi fundamental na investigação, e conseguimos êxito na identificação dessas contradições”, explicou a delegada.

Prisão

Reginaldo foi preso em um hotel em Goianira, de posse de um outro veículo, emprestado de um amigo. Segundo o delegado João Paulo, ele não mantinha contatos com familiares e acreditava que não seria localizado.

Agora, a polícia irá apurar o caso detalhes, para verificar se a motivação se confirma. Pela relação familiar e de afeto que o autor tinha com a vítima, Reginaldo deve ser autuado pelo crime de feminicídio.



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