MP denuncia fraude em licitação que envolve servidores de Abadiânia e de Alexânia
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) ofereceu denúncia contra um grupo de 14 pessoas, sediado em Anápolis, que teria fraudado licitações de transporte e cometido inúmeras falsidades ideológicas em pelo menos três cidades do interior do Estado: Abadiânia, Alexânia e São Simão.
Segundo as investigações, que ainda estão em curso, um dos comandantes do esquema seria Fernando Chaves de Amorim – um velho conhecido dos promotores e que já chegou a ser preso em 2017 (na época, por fraude em licitação do transporte escolar). Na denúncia de agora, para o MP, Fernando teria sido um dos responsáveis por corromper servidores públicos de Alexânia e Abadiânia para fraudar licitações, usando documentação falsa.
Em Alexânia, o grupo chefiado por ele teria corrompido o servidor Abadio Rodrigues Pereira, fiscal de contratos. Em nota, a Prefeitura de Alexânia informou que todas as informações e documentos solicitados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) foram entregues às autoridades e que não irá se pronunciar pelo fato da investigação estar correndo sob segredo de justiça.
Já em Abadiânia, as investigações apontaram que o coordenador do Transporte Escolar, Thiago Assunção de Pinho, e o secretário de Finanças, Frederyco Melo teriam participação no esquema. De acordo com o MP, Thiago Assunção exercia dupla função: trabalharia ao mesmo tempo para a Prefeitura, coordenando o Transporte Escolar, e para Fernando, recebendo vantagens econômicas indevidas por executar tarefas que não lhe competiam pelo cargo que ocupava em Abadiânia.
Em uma das conversas de Whatsapp que constam no documento do MP, Thiago confirma a uma interlocutora que recebia propinas tanto pelo transporte rural quanto pelo transporte universitário. Já o secretário de Finanças receberia propina para agilizar pagamentos. Além disso, consta na investigação do Ministério Público que, no dia 20 de março de 2020, o coordenador de transportes, a mando de Fernando, teria inserido declaração falsa atestando capacidade técnica da empresa Star Transportes e Turismo Eireli.
O documento em questão atestaria que essa empresa já teria prestado serviço em Abadiânia, mas o MP apurou que não. A reportagem entrou em contato com Thiago Assunção, que não quis se pronunciar sobre o caso, e não conseguiu retorno do secretário de Finanças de Abadiânia, que também teve o nome citado pelo MP.
Além de Abadiânia e Alexânia, o Ministério Público também denuncia irregularidades no município de São Simão, apontando que esquema teria fraudado pregões presenciais. Nessa última cidade, em 28 de abril de 2021, no município de São Simão, a empresa Star Transportes teria apresentado um falso atestado de capacidade técnica. Um dos investigados teria cobrado 900 reais para participar da fraude. A reportagem não conseguiu contato, até o momento, com a prefeitura de São Simão.