Usando peruca, deputado mineiro ataca trans no Dia Internacional da Mulher
O deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) usou uma peruca para fazer discurso transfóbico nesta quarta-feira, no Dia da Mulher na Câmara dos Deputados. Ele subiu na tribuna durante a sessão e afirmou que se “sentia mulher” e tendo “lugar de fala” para discursar sobre a data. “As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres”, disse o parlamentar.
Além disso, Nikolas disse que o feminismo não fez nada pela igualdade entre os gêneros, e fez recomendações sobre como mulheres devem se comportar. “Mulheres, retomem sua feminilidade, tenham filhos, amem a maternidade, formem sua família. Dessa forma, vocês colocarão luz no mundo e serão, com certeza, mulheres valorosas”, pregou.
Desde fevereiro, o deputado é investigado por injúria racial contra a também parlamentar Duda Salabert (PDT -MG). O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) acatou um pedido do Ministério Público sobre o caso e determinou que a 5ª Vara Criminal de Belo Horizonte analise a queixa-crime da deputada de 2020. À época, o deputado usou um pronome masculino para se referir à Duda, que é uma mulher transexual.
Em junho do ano passado, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais também instaurou inquérito para investigar vídeo publicado pelo então vereador Nikolas considerado transfóbico. Ele foi acusado de LGBTFobia e violação do artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por expor uma jovem de 14 anos nas redes sociais.
Na gravação, o vereador pedia o boicote de uma escola privada de Belo Horizonte por permitir que uma aluna transgênero use o banheiro feminino. O parlamentar chegou a mostrar o momento em que a menor de idade foi questionada por sua irmã, também estudante, dentro do toalete e mencionou o nome da instituição de ensino.
Vale lembrar que atos LGBTQIA fóbicos são considerados crime no Brasil. Em 2019, após uma Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO 26), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os crimes LGBTQIA devem ser “equiparados ao racismo”. Assim, são julgados pela Lei do Racismo (Lei 7.716, de 1989) e podem ter pena de até 5 anos de prisão.