Delator diz que ex-adjunta da Setas recebeu R$ 50 mil de propina
Os promotores de Justiça do Gaeco de Mato Grosso (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) acusaram a advogada Vanessa Rosin Figueiredo, ex-secretária adjunta da Setas (Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência), de ter contribuído para o desvio de verbas dos cofres públicos.
Ela é ré na ação na Justiça que investiga desvios da ordem de R$ 2,8 milhões da Setas, entre 2011 e 2014, e acusada de de praticar os crimes de peculato, organização criminosa, uso de documento falso, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro
Segundo o Gaeco, a suspeita é de que, num primeiro momento, Vanessa havia praticado o crime de corrupção ativa, por solicitar do empresário Paulo Cesar Lemes também réu e delator do suposto esquema, que lhe pagasse R$ 200 mil.
“Vanessa Rosin, sabendo que Paulo Cesar Lemes desviava, em proveito próprio, dinheiro proveniente dos convênios, solicitou ao mesmo que desviasse, em favor dela, o valor de R$ 200 mil”
O dinheiro seria para que ela se omitisse no desempenho de suas atividades na secretaria e não impedisse, “com seu poder e dever, que o empresário firmasse convênios e contratos com dispensa de licitação, por meio de institutos sem fins lucrativos de ‘fachada’, para desviar dinheiro”.
Segundo o Gaeco, após a delação premiada de Paulo Lemes, contudo apurou-se que a ex-secretária adjunta não só se omitiu, “mas também fora beneficiária de parte do dinheiro público” desviado.
“Isso porque Vanessa Rosin, sabendo que Paulo Cesar Lemes desviava, em proveito próprio, dinheiro proveniente dos convênios, solicitou ao mesmo que desviasse, em favor dela, o valor de R$ 200 mil. Depois, ela deixou o valor por R$ 100 mil, mas o empresário denunciado somente desviou em favor de Vanessa Rosin o valor de R$ 50 mil”, diz a denúnica.
O valor teria sido desviado do convênio 03/2013, do programa Qualifica Mato Grosso VIII/IDH.
“Assim, em vez de ter praticado o crime de corrupção, como mencionado originalmente, com essa conduta Vanessa Rosin, na verdade, contribuiu para o desvio da verba pública, participando por ação, neste caso, dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro”, diz o Gaeco.
“Estratagema para ocultar”
Segundo os promotores, Vanessa Rosin Figueiredo não só sabia que o dinheiro estava sendo desviado por meio dos institutos de “fachada”, como também que se “usava um estratagema para ocultar a origem ilícita do dinheiro, por intermédio de pagamento a fornecedores dos institutos, com notas superfaturadas para que, depois, o dinheiro retornasse limpo para as contas comerciais de Paulo Cesar Lemes, dificultando com isso a descoberta da fraude”.
“Isso é muito triste para mim. Tenho muito tempo de serviço prestado ao Estado e nunca tive nenhum tipo de situação como essa”
Para o Gaeco, a ex-secretária, “em conluio com Paulo Cesar Lemes e outros comparsas”, praticou o crime de peculato e desvio de dinheiro em benefício, bem como praticou esse mesmos crimes mais cinco vezes, mediante participação por omissão penalmente relevante em relação aos demais crimes”, denunciou o Gaeco.
No total, 36 pessoas são réus na ação judicial que apura os supostos desvios na Setas.
No último dia 20, a juíza Selma Arruda, da Vara de Combate ao Crime Organizado da Capital, mandou prender Roseli Barbosa, Sílvio Araújo, Rodrigo de Marchi e Nilson da Costa e Faria. Marchi e Roseli foram beneficiados com liminares e soltos pela Justiça.