Polícia: delegado cobrou R$ 10 mil de diária em “cela especial”

A Operação Diaphthora revelou que o delegado titular da Delegacia de Peixoto de Azevedo, Geordan Fontenelle, preso nesta quarta-feira (17), cobrou R$ 10 mil para manter um empresário detido na Operação Hermes II, em 2023, fora da cela, na sala de descanso dos policiais. 

Na conversa, o delegado diz manter acusado “(…) em um alojamento exclusivo para policiais

 

O empresário em questão é Antônio Jorge Silva Oliveira. Ele foi um dos alvos da Polícia Federal, suspeito de envolvimento no comércio e uso ilegal de mercúrio em garimpos nas áreas que compõem a Amazônia.

 

No dia da prisão, a PF cumpria mandados de busca e apreensão contra o investigado, momento em que encontraram uma arma de fogo sem registro entre seus pertences. Diante disso, ele foi conduzido em flagrante à delegacia.

 

No documento obtido pelo MidiaNews, foi revelado que, por meio de escutas ambientais, o delegado teria dito ao advogado Gefferson Cavalcanti Paixão, que mantinha seu cliente, Antônio, em um “alojamento exclusivo para policiais plantonistas”. 

 

Além do delegado, a operação prendeu também o investigador Marcos Paulo Angeli.

 

“Também, o representado Geordan, em conversas com Marcos e Gefferson, sugere que houve cobrança de “diária” […] que teve como suspeito Antônio Jorge Silva Oliveira, alvo da Operação Hermes II. Na conversa, o delegado diz manter acusado “(…) em um alojamento exclusivo para policiais plantonistas”, prática que aparenta ser comum entre o delegado Geordan e o IPC Marcos”, consta no documento.

 

Na transcrição abaixo, Geordan comunica o investigador Marcos Paulo Angeli sobre o tratado. DPC significa delegado de Polícia Civil e IPC, investigador de Polícia Civil.

 

DPC Geordan: Hein…

IPC Marcos: Ham?

DPC Geordan: É… conversei com Gefferson. Ficou 10 mil a diária.

IPC Marcos: Ham??

DPC Geordan: 10 mil a diária.

IPC Marcos: Sério? (espanto). Estava pensando em dois, é não… Ave Maria.

DPC Geordan: Dez milzinho, a diária, aí (inintelegível), pra resolver.

 

No documento, consta que após fechar o negócio com o empresário por intermédio do advogado Gefferson, o delegado e o investigador comemoraram:  “[…] Esse final de semana vai ser top”.

 

A operação

 

Segundo as investigações, os policiais civis teriam formado uma quadrilha que oferecia “serviços” ao advogado Gefferson Cavalcanti Paixão, e garimpeiros da região de Peixoto de Azevedo. Aos servidores, foram imputados os crimes de corrupção passiva, associação criminosa e advocacia administrativa.

A Policial Civil recebeu denúncias pelo Núcleo de Inteligência da Corregedoria Geral, revelando situações como solicitação de vantagens indevidas, advocacia administrativa e ainda o assessoramento de segurança privada pela autoridade policial.

Segundo a Polícia, o mentor e articulador era Geordan Fontenelle.

Conforme o inquérito, o delegado e o investigador exigiam pagamento de vantagens indevidas para liberação de bens apreendidos, de “diárias” para hospedagem de presos no alojamento da delegacia e, ainda, pagamentos mensais sob a condição de decidir sobre procedimentos criminais em trâmite na unidade policial. 

 

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